As Ultramaratonas assim como as
maratonas, remetem à antiga Grécia, onde mensageiros especialmente
treinados, chamados Hemerodromoi, cobriam rotineiramente distâncias
impressionantes para os padrões atuais. Plutarco, por exemplo menciona
um desses mensageiros, que não apenas correu quase 500 km, mas também
carregou uma tocha acesa durante a maior parte do caminho (FIXX,1980).
NOAKES (1991) relata que mensageiros a pé eram usados tanto na Grécia
quanto no Império Romano para levar correspondências, e que corriam até
100 km de cada vez. Ele também comenta sobre uma corrida de 237 km que
teria ocorrido no Circus Maximus em Roma no auge do Império Romano.
As primeiras referências Britânicas dos mensageiros pedestres data de
1040 AC; as primeiras referências Européias e Turcas datam do século XV.
Por volta do final do século XVIII, melhorias nas condições das
estradas, particularmente na Grã-Bretanha tornou desnecessário o uso
desses mensageiros. Desta forma esses mensageiros passaram a ser
utilizados para competições, que em meados do século XVIII tornaram-se
profissionais (NOAKES,1991).
Nos tempos modernos, as primeiras
façanhas em pedestrianismo, dão conta de que o britânico Capitão
Barclay, em 1806, percorreu 160 km em 19 horas. No ano seguinte ele
correu 1 milha em cada hora, durante 1.000 horas (41 dias e 16 horas),
recebendo de prêmio 16.000 libras esterlinas (NOAKES,1991).
Outro pioneiro desse tipo de competição foi o americano Edward Payson
Weston, que em 1861, correu a distância de 713 km que separam as cidades
de Boston e Washington-DC, para assistir a solenidade de posse do
Presidente Lincoln. Em 1867 ele percorreu 2.135 km entre Portland e
Maine, e em seguida estabeleceu como sua próxima meta, ultrapassar os
800 km em 6 dias ou 144 horas. Ele conseguiu seu objetivo na terceira
tentativa, recebendo pelo feito um relógio de ouro e o título de Campeão
Pedestre do Mundo (NOAKES,1991).
No ano seguinte Weston foi
desafiado e vencido por Daniel O’Leary, que correu 800,4 km contra 720
km do desafiado. Os dois corredores continuaram dominando o cenário até
que em 1877 foi oficializado o Campeonato Mundial de Pedestrianismo, e
instituído o Cinturão de Ouro Astley para o campeão. Interessante que
não era disputado apenas uma vez ao ano, como costuma acontecer nos
dias atuais, mas chegava a ser disputado 3 vezes no mesmo ano. Essas
disputas movimentavam valores altíssimos, pois existia uma bolsa de
apostas, a exemplo do que ocorre no Boxe. Reporta-se que Daniel O’Leary
patrocinou uma dessas provas no Madison Square Garden, lucrando perto
de US$ 60.000,00 (NOAKES,1991).
No início do século XX essas
provas perderam popularidade e praticamente foram descontinuadas até os
anos 70, desta vez, porém com um objetivo mais amador e de amor puro
pelo desafio, ao contrário do século anterior.
Nos dias
atuais existe no mundo todo, especialmente na Europa e Estados Unidos,
cerca de 1000 corridas de Ultramaratona, das mais variadas distâncias e
nos mais variados tipos de terrenos, porém não mais premiam da forma
que o faziam no século passado.
No Brasil tem-se registro oficial apenas de três corridas de ultra longa distância:
A primeira foi a I ULTRAMARATONA INTERNACIONAL DE 24 HORAS
MEMORIAL-WEMBLEY em SANTOS/SP, que aconteceu nos dias 10 e 11 de
dezembro de 1994. Esta prova contou com a participação de 32 corredores,
sendo 30 homens e 2 mulheres. Desse total, 11 eram estrangeiros (10
homens e uma mulher). Os vencedores foram Constantin Santalov que correu
238 km e Maria Teresa Rodrigues que correu 182 km.
A segunda
prova foi uma Ultramaratona beneficente de 24 e 48 horas acontecendo
simultaneamente, na pista de Atletismo da Unisinos em São Leopoldo/RS,
nos dias 01,02 e 3 de maio de 1998. Esta prova contou com a
participação de 33 atletas, sendo 25 homens e 8 mulheres. Os vencedores
foram Sergio Cordeiro e Eliana Alves Fernandes que correram 182,450 km e
132,810 km respectivamente nas 24 Horas e Jorge Alejandro Quiteros e
Graziela Inês Pence que correram 273,500 km e 181,690 km respectivamente
nas 48 horas.
A terceira prova foi o I CAMPEONATO BRASILEIRO
DE 24 HORAS EM PISTA, que aconteceu na pista do Conjunto Esportivo
Constâncio Vaz Guimarães em São Paulo/SP, nos dias 4 e 5 de setembro de
1999. Esta prova contou com a participação de 66 corredores, todos
brasileiros, sendo 59 homens e 7 mulheres. Os vencedores foram Luciano
Prado dos Santos com 238,490 km e Maria Domiciano Gomes com 165,837 km.
Além dessas provas destaca-se a prova VOLTA À ILHA DE FLORIANÓPOLIS, uma Ultramaratona de 155 km.
Em resumo, esta modalidade de corrida está em absoluta e franca expansão, tanto no Brasil quanto no exterior.
O atletismo possui diversas provas de corridas. Entre as mais antigas
está a Ultramaratona, ou corrida de longa distância. De acordo com
SCHUBERT (1992), as primeiras competições datam de 1500 AC no norte da
Grã Bretanha.
Tecnicamente, Ultramaratona é qualquer corrida pedestre com distância superior à distância da maratona, ou seja, 42,195 km.
As provas oficializadas internacionalmente vão de 50 km a 1.300 milhas, e duram de 6 a 144 horas.
Apesar de pouco divulgada, conhecida e praticada no Brasil, é muito difundida e praticada no exterior.
Na Europa, corridas de 100 km chegam a ter milhares de participantes;
na Austrália e Nova Zelândia são mais populares as provas de
multi-dias, enquanto na África do Sul, as chamadas Ultramaratonas
curtas, entre 50 km e 100 km, são mais populares que maratonas ou
corridas de 10 km, e chegam a ter mais de 14.000 participantes
(SCHUBERT, 1992).
Na segunda metade do século passado, nos
Estados Unidos e Europa, Ultramaratona era um dos mais populares e
lucrativos esportes. SCHUBERT (1992), relatou que corridas de 6 dias
levavam multidões de espectadores ao Madison Square Garden, pagando seu
ingresso para assistir as corridas, e que Charles Rowell da Inglaterra
recebeu US$ 34.000 de prêmio ao vencer uma prova em 1888.
No
Brasil as primeiras Ultramaratonas de 100 km que se têm notícia,
aconteceram nos anos 80 em Uberaba, depois no início dos anos 90 em São
Paulo e no final dos anos 90 em Santos. Houve uma ultra de 24 horas em
1994 em Santos e outra de 24/48 horas em São Leopoldo em 1998. Este ano
houve em São Paulo o I CAMPEONATO BRASILEIRO DE ULTRAMARATONA DE 24
HORAS.
Apesar de no Brasil, essas corridas serem pouco
conhecidas e divulgadas, até mesmo entre os corredores de fundo e de
maratona, o pais conta com atletas de nível internacional, com
expressivas marcas.
Por André Analon Vazquez
Consultor Webrun da seção Ultramaratona. É
graduado em Educação Física e Mestre em Psicologia do Esporte pela
Universidade de Madri. Recordista continental de ultramaratona de 48
horas com 357,2 km (Phoenix), nono colocado no ranking mundial de
ultramaratona de 48 horas (2000) e em 1997 foi o recordista mundial de
quantidade de maratonas feitas em um ano. Ao todo foram 51 maratonas.
Fonte: Webrun
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