quinta-feira, 17 de julho de 2014

Dica da Body Nutri: O coração do atleta: Para que seu “motor” permaneça saudável é preciso cuidado

coração de atleta
Os exercícios de endurance, como maratona, ultramaratona e triathlon, são caracterizados pela alta intensidade e tempo prolongado de esforço. Isso induz adaptações profundas em vários sistemas fisiológicos, como no cardiovascular, no muscular, no endócrino e no gastrointestinal. As adaptações que ocorrem no sistema cardiovascular podem ser reversíveis ou irreversíveis e, dependendo da adaptação, podem se tornar prejudicial à saúde, levando até ao óbito.
O coração é formado por tecido muscular estriado cardíaco (miocárdio) e, como tal, pode sofrer hipertrofia, lesão e fibrose se for solicitado de forma intensa e prolongada. Vários pesquisadores têm demonstrado relação direta entre a prática de exercícios de endurance e o aumento da incidência de fibrilação atrial (FA) e palpitação atrial (PA), comumente chamadas de arritmia cardíaca.
Em estudos longitudinais foi identificado aumento de 5% a 10% na incidência de FA quando praticantes de exercícios de endurance (sem fatores de predisposição) foram comparados com sujeitos controle. Uma parte desses praticantes também apresenta PA, mas a palpitação comum (relatada por grande parte dos atletas de endurance) pode aparecer secundariamente à dilatação do átrio cardíaco, devido à sobrecarga por volume (o coração aumenta o bombeamento sanguíneo de 5 litros/min. para 35 litros/min. na vigência de exercício vigoroso e prolongado).
De fato, uma sessão de 1 a 2 horas de exercício de endurance pode causar sobrecarga aguda de volume sanguíneo do átrio e ventrículo cardíaco direito, o que pode provocar hiperestiramento da fibra muscular cardíaca com microlesão do miocárdio. No entanto, dentro de uma semana, esse estado transitório já é revertido — e, a princípio, não causará nenhum problema ou deixará sequelas.
exercício de endurance - ultramaratona
Após anos de esforço físico contínuo pode ocorrer fibrose irregular do miocárdio, principalmente nas paredes dos átrios e ventrículos – fator causador de arritmias atriais e ventriculares potencialmente malignas. Ocorre, também, envelhecimento precoce do coração, que vem acompanhado por calcificação  e enrijecimento das artérias coronarianas e disfunção diastólica ventricular. Ocorre também o aumento das catecolaminas e da produção de espécies reativas do oxigênio, os chamados “radicais livres”, que contribuem em demasia para uma maior lesão do miocárdio com a consequente instalação de inflamação e cicatriz tecidual, causando enrijecimento com perda da função normal do tecido.
O recomendado é que os exercícios intensos não ultrapassem 30 a 50 minutos de duração, já que nesse período específico não foi relatada qualquer alteração negativa das estruturas ou função cardíaca se comparadas aos exercícios com maior duração.
O ideal é procurar minimizar esses efeitos negativos por meio de um treinamento inteligente, baseado mais em qualidade do que em quantidade, mesmo tendo pela frente uma competição de longa duração. Além disso, a adequação de uma dieta equilibrada, em conjunto com a suplementação bem organizada e direcionada, deveria ser capaz de minimizar a produção dos “radicais livres”, bem como diminuir a lesão tecidual e o processo inflamatório causado por esse tipo de esforço. Ou seja: procure um treinador capacitado para adequação do seu treinamento; consulte um nutricionista especializado no esporte; descanse de forma adequada; leve uma vida saudável e alegre, e divirta-se mais. O seu coração agradece, de coração.
Bora praticar saúde!

Prof. Pedro Paulo Duarte Souza
Especialista em Treinamento Esportivo pela UFMG
CREF 008002-G/MG, Tel: (32) 9982-9309
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